Paixão - uma abordagem nada convencional.
Impressionante. Faz alguns dias que eu ando relutando em escrever esse post. Sinceramente, eu não saberia dizer qual a razão exata; preguiça, talvez, ou mais provavelmente, medo de não conseguir transcrever com clareza algumas coisas que eu penso. Felizmente, o momento é propício (duas e dez da manhã, com o Bastiaan tocando no meu iPod - Bastiaan quem? Ah, mas vocês vão já saber!) e acho que provavelmente algumas coisas vão fluir melhor. Pelo menos eu espero que sim.
Há alguns dias, eu estava participando da Semana de Engenharia de Alimentos (vulgo Semalim), na Unicamp. E era visível a minha felicidade em estar lá, bem como estava agarrando toda e qualquer oportunidade de aprender alguma coisa nova e interessante com as palestras que eram ministradas durante a semana.
Inevitavelmente eu não conseguia pensar em alguma outra coisa durante esses dias. A única coisa que eu conseguia pensar era paixão. Sim, paixão. Mas não essa paixão comumente descrita pelas pessoas. Era algo mais forte, mais profundo. Algo que todas as pessoas nesse mundo deveriam sentir em relação a alguma coisa.
Mas paixão? Em um monte de palestras toscas, onde quando ninguém entendia nada, era uma pessoa aleatória falando da empresa onde trabalhava? Em uma semana de festas, pegação, boca livre e zuadeira? É. Paixão. E eu acho que quem não sentisse isso por estar lá, não deveria nem estar.
Talvez eu esteja sendo muito radical... melhor me explicar então.
Desde os tempos, não lá muito remotos, em que eu estava fazendo a minha pesquisa de campo para descobrir aquilo que eu pretendia fazer durante os proximos 50 anos da minha vida, eu sempre estive preocupada em encontrar alguma coisa pela qual eu me apaixonasse, que fosse uma parte daquilo que me fizesse levantar todos os dias, e fizesse minha vida valer a pena. Não bastava apenas ser alguma coisa satisfatória, interessante, que me preenchesse por um lado só. Eu queria algo que me completasse, algo que eu olhasse e sentisse orgulho por ser parte daquilo. E eu tinha algumas opções; diversas, eu diria. Iam de história, linguística e arquitetura, até engenharia, computação e química. Depois de uma passada pela engenharia agrícola (que está demorando pra passar...), onde eu descobri que não era a profissão pela qual eu havia me apaixonado (enganos acontecem, não é verdade?), eu fui atrás de algo que eu já desconfiava que teria o potencial necessário pra me fornecer tudo aquilo que eu estava procurando. E, então, esse lugar era a engenharia de alimentos.
É dificil explicar como isso me completa, me alimenta e me orgulha. Tanto que a descrição de como eu queria me sentir parece até uma descrição de como encontrar um marido :)
Eu me sinto muito triste quando eu vejo pessoas que não sentem isso pelo que elas fazem. Mas também é inegável dizer que, na maior parte das vezes, isso não passa de um simples comodismo. Muitas pessoas visam apenas o dinheiro, o status, mas não a realização pessoal e profissional. Lógico que sem dinheiro ninguém vive, mas não é só de dinheiro que alguém sobrevive. Têm muitas coisas que o dinheiro, como já diria um antigo comercial, não paga.
Se as coisas fossem feitas apenas pelas pessoas que se apaixonam por aquilo que fazem, com certeza muitas coisas seriam melhores.
Felizmente, eu me considero uma pessoa muito apaixonada. Sou apaixonada por aquilo que eu faço, falo, escrevo, com quem convivo, e por aí vai. Talvez seja essa a diferença entre as pessoas que são bem sucedidas, aquelas que são medíocres, e aquelas que não são nada.
O que eu peço então, é para que você se apaixone. Aprenda uma língua (Я говорю по-русски, а ты?*), leia um livro (ou o escreva, porque não?), tenha uma profissão, ouça música, compre um cachorro, tenha um namorado como o meu (como o meu, não o meu!), enfim, se apaixone, se complete. Não se limita achando que não pode, não é capaz. É só querer, e batalhar por isso. A minha parte eu já estou fazendo.
*Eu falo russo, e você?
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